quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lágrimas de quem?

Essa semana me deparei com uma enigma deveras edipiano. Tudo bem que possuimos a capacidade de se emocionar com as mais diversas situações do cotidiano; rir com o besterol das conversas entre amigos ou lágrimas derramar durante um filme. Mas e quanto a nós? Já choraste por ti? Sei lá, por um instante me ocorreu ser eu um espectador da vida; um turista de passagem na dor ou felicidade alheia. A vida continua... foi aí que ao assistir a um filme determinado "The fountain", consegui entender que no momento em que passamos a compreender a alma de alguém, recebemos de presente o tempo, os sentimentos e toda a gama de mistérios contida num olhar. Depois disso não haverá barreiras ou divisas, pois um espírito já se estende no outro e tu não estarás mais só; tua dor, felicidade e anseio agora também são meus e, juntos, tudo podemos suportar filho do universo, irmão das estrelas, meu irmão.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Notícias de acolá


Há alguns dias passava por uma rua quando o semáforo acenou que eu deveria esperar. Na calçada, uma movimentação estranha; um garoto empunhava jornais velhos, o que de certa forma era informação disponível para uma juventude acostumada a dispensar o raciocínio. Mas as palavras não iriam para os olhos; de repente o guri começa a vestir as folhas: primeiro uma camisa, logo após um colar, em seguida um chapéu e por último uma espada. E daí?! Quem nunca brincou com jornal? Acontece que o rapazinho fez mais do que isso, ele transformou sua realidade, pois as notícias que este ouviu não eram sobre diminuição da fome, desabrigados ou carentes de segurança. Quando foi que passamos apenas a balançar a cabeça para jornalistas, ou ficarmos revoltados enquanto sentados numa poltrona? Até quando uma pessoa deve se encolher no próprio mundinho para que atinja a metamorfose? Talvez a vida escolha o momento, no entanto ainda acredito que a decisão parte daqueles crédulos na compaixão e na bondade. "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo", acho que te entendo Carlinhos.

sábado, 18 de julho de 2009

I-NÉRCIA

O que eu sei? Quase nada. Meu entendimento é limitado. Fazer a escolha certa, tomar o caminho correto e a decisão mais sábia constituem o maior dilema da humanidade. Os motivos que te levam a agir de forma estúpida são diversos e, quando no final das contas aprendemos com o passado e construimos um futuro, a vida parece brincar e não nos devolve o tempo como ele era. Quem vai criar a máquina temporal? Será que existe alguma pesquisa com exito a respeito? É mais uma dúvida na qual não desejo habitar, então sinto raiva, tristeza, reflito, junto forças e faço algo; será que dessa vez irei acertar? Sei lá, vou apenas exercer minha humanidade e pôr a frente um coração aberto em escudo contra o mal olhado. Saravá

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Earth Song


Toda a minha vida me ensinaram a ser racional, acreditem, na maioria das vezes isso não dá certo. Eu quero sentir; desejo chorar junto a família dos cerca de 400 imigrantes que morreram de frio e sede na travessia entre EUA e México em 2004; quero erguer minha voz contra os 2 milhões de hectares destruidos por ano na Amazônia. Devo abrigar, pelo amor de Deus, Javé ou Buda, em algum lugar os 20 milhões de refugiados vítimas de guerras atualmente. Quero ter cobrada minha parcela de sangue derramada pelas 325.551 vítimas de armas de fogo nos últimos 10 anos no Brasil. Qual o sentido que tem minhas refeições, quando 815 milhões de pessoas ao redor do mundo estão desnutridas? Qual o sentido da minha infância quando tantas crianças repiram pela última vez para que alguém tenha um trocado a mais? Qual o sentido de sonhar conhecer o céu, a água e o mar se daqui a uns anos teremos destruido tudo? Pessoas e animais sofrem, mas isso parece tão normal. CHEGA... Não aceitemos que digam que somos ilusões, pois nossa vida tem algum valor. Chorem, talvez assim começe a desapareçer a névoa dos nossos olhos.
Nâo sei onde começamos a errar, mas se continuarmos parados só haverá mais dor.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Abra essas janelas

A vida é mais do que os nossos corpos captam; a palavra "sentido" não existe por acaso. Ver não basta, tenho que sentir tua imagem dentro da minha cabeça; ouvir não é o suficiente, tenho que acompanhar a melodia da tua voz; o toque não faz jus se não alcançar todos os relevos da pele. O ar que entra precisa anestesiar, pois todos os sentimentos possuem seu perfume e todo sabor a própria essência. Quando isto for alcançado, saberemos o que é sentir. Sinto...