domingo, 6 de dezembro de 2009

People


Baseado em vivências; uma análise sem escrúpulos de uma comunidade carente...

Pessoas são pessoas em qualquer lugar do mundo, tratá-las como tais é uma outra questão. A comunidade Planeta do Macacos possui uma heterogeneidade imensa no que diz respeito aos indivíduos formadores de uma família e construtores da vida no local, destruindo o paradigma de que todos são iguais perante a óptica da justiça... Justiça humana que considera a pobreza e o trabalho fraqueza de caráter e nivelam no patamar da própria mesquinhez a existência do próximo. Chico Buarque de Hollanda na música "O meu guri" cantou com muita destreza o que é viver de migalhas e ser herói na carência- quando o mundo e o Estado, que deveriam proteger o direito de viver em Dignidade, só me fazem respirar Indignado. Família com pai e mãe, vó e vô, irmãos e irmãs, além do resto e do restante, lutam de um maneira peculiar e autêntica pela vida dos sanguineos. O Chefe cedo vai trabalhar, os meninos quando não estudam, trabalham, ou dão trabalho; a mãe, esta tem jornada logarítmica( sempre algo mais a se fazer)- acaba de chegar mais um neto- é o filho do Júnior com a vizinha da frente que agora vai morar na lage de cima. Com toda essa pressão a chaleira ferve, Mãe e pai Hipertensos, provendo de negligência alimentar os dependentes nesse turbilhão cotidiano, sendo agora 2 em 5 diabéticos. Batem na porta, é a médica? Talvez, certamente a ACS. Consultas agendadas, agora vamos ao posto: crianças tratadas e vermifugadas; pré- natal, prevenção e planejamento realizados- remédios prescritos e família despachada...Opa! Mas onde estava o pai? João foi preso, Joaquim morreu e Tadeu, este está no segundo emprego. Dever cumprido, final de semana na porta- agora vamos praticar saúde- Academia da cidade? Que nada, está em frangalhos e fica longe de casa; já o Bar da tripa onde os amigos bebem até ficarem no ponto de baterem no sexo frágil é logo aqui, depois do bar do mané. Com tanta educação só pode existir uma boa escola- é claro. Professores mal remunerados,estrutura fisíca desafiando a Física e a criminalidade pintando as paredes da sala ensinam por A mais B que amor só de mãe e que Deus nos ajude.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

No way out


Ainda me impressiona a quantidade de informações a que temos acesso todos os dias; os avanços da tecnologia e da ciência, além das conquistas espaciais e marítimas. Cada vez mais o conhecimento causa confusão, parecendo segregar corpo e mente, sempre alimentando um vazio no peito. Administrar os problemas e conduzir a vida no trilho da justiça parecia-me fácil na infância- a professora disse: Khalil, só existe o certo e o errado. Não é verdade; o universo nos projeto em uma infinidade de possíveis, os quais não escuto por correr demais, causando danos ao meu próprio ser. Há muito tempo um monge ordenou aos seguidores que fossem felizes, no entanto estes não conseguiram pensar em nada, pois o corpo já estava condicionado a sofrer, a buscar a dor e as lágrimas para alcançar a felicidade. O silêncio sussurra, às vezes grita... Seja feliz, não há caminho para a luz; acalme-se e a encontrará dentro de você.

domingo, 30 de agosto de 2009

Indelével



Poucas coisas na vida não se resumem a motivos. Amar é involuntário, mas traz consigo muitas outras vontades: querer de sorrir um canto, ou até mesmo chorar um beijo; quiçá um banho de chuva. Fica condenado a cem chicotadas aquele que não atender ao amor e seus desejos; pena menor e menos dolorosa do que a existência tangente num Sol sem dentes. Há muito a se entender; mas, muito mais a se sentir.

* Texto escrito há 3 anos. Na verdade, o autor queria dizer algo para si mesmo.

sábado, 1 de agosto de 2009

Banho é bom


Os Mumuilas são membros de uma tribo do sul de Angola, caracterizados por possuirem mulheres lindíssimas. Quando os portugueses chegaram naquela terra, empunhavam muitas armas e pouco caráter; tamanha foi a covardia, que muitas mulheres foram violadas. Com o intuito de afastar os estrangeiros, as habitantes passaram a utilizar fezes de animais nos cabelos. Atualmente esse hábito tornou-se cultural, fazendo parte do cotidiano, mesmo após a independência daquele país. Mas e quanto a nós? Acredito que já conhecemos essa situação, pois diversas vezes pusemos armaduras, muralhas e extensas valas para nos separar de nossos medos e feridas. A dificuldade do perdão impera e a ousadia é uma palavra entre as outras no dicionário. Até quando vamos entulhar coisas imprestáveis ao nosso redor, ou pior, na própria alma? Segundo Saramago, os olhos fechados refletem o interior; é lá que está tudo que precisamos, mas para isso teremos de aprender a enxergar. Coisas que pareciam esquecidas como coragem, bondade, compaixão e amor estão sedentas por despertar; permita-se. Deixe cair as armaduras, utilize o tato como guia e o peito em conselheiro. É hora do banho, vamos lavar a alma.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lágrimas de quem?

Essa semana me deparei com uma enigma deveras edipiano. Tudo bem que possuimos a capacidade de se emocionar com as mais diversas situações do cotidiano; rir com o besterol das conversas entre amigos ou lágrimas derramar durante um filme. Mas e quanto a nós? Já choraste por ti? Sei lá, por um instante me ocorreu ser eu um espectador da vida; um turista de passagem na dor ou felicidade alheia. A vida continua... foi aí que ao assistir a um filme determinado "The fountain", consegui entender que no momento em que passamos a compreender a alma de alguém, recebemos de presente o tempo, os sentimentos e toda a gama de mistérios contida num olhar. Depois disso não haverá barreiras ou divisas, pois um espírito já se estende no outro e tu não estarás mais só; tua dor, felicidade e anseio agora também são meus e, juntos, tudo podemos suportar filho do universo, irmão das estrelas, meu irmão.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Notícias de acolá


Há alguns dias passava por uma rua quando o semáforo acenou que eu deveria esperar. Na calçada, uma movimentação estranha; um garoto empunhava jornais velhos, o que de certa forma era informação disponível para uma juventude acostumada a dispensar o raciocínio. Mas as palavras não iriam para os olhos; de repente o guri começa a vestir as folhas: primeiro uma camisa, logo após um colar, em seguida um chapéu e por último uma espada. E daí?! Quem nunca brincou com jornal? Acontece que o rapazinho fez mais do que isso, ele transformou sua realidade, pois as notícias que este ouviu não eram sobre diminuição da fome, desabrigados ou carentes de segurança. Quando foi que passamos apenas a balançar a cabeça para jornalistas, ou ficarmos revoltados enquanto sentados numa poltrona? Até quando uma pessoa deve se encolher no próprio mundinho para que atinja a metamorfose? Talvez a vida escolha o momento, no entanto ainda acredito que a decisão parte daqueles crédulos na compaixão e na bondade. "Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo", acho que te entendo Carlinhos.

sábado, 18 de julho de 2009

I-NÉRCIA

O que eu sei? Quase nada. Meu entendimento é limitado. Fazer a escolha certa, tomar o caminho correto e a decisão mais sábia constituem o maior dilema da humanidade. Os motivos que te levam a agir de forma estúpida são diversos e, quando no final das contas aprendemos com o passado e construimos um futuro, a vida parece brincar e não nos devolve o tempo como ele era. Quem vai criar a máquina temporal? Será que existe alguma pesquisa com exito a respeito? É mais uma dúvida na qual não desejo habitar, então sinto raiva, tristeza, reflito, junto forças e faço algo; será que dessa vez irei acertar? Sei lá, vou apenas exercer minha humanidade e pôr a frente um coração aberto em escudo contra o mal olhado. Saravá

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Earth Song


Toda a minha vida me ensinaram a ser racional, acreditem, na maioria das vezes isso não dá certo. Eu quero sentir; desejo chorar junto a família dos cerca de 400 imigrantes que morreram de frio e sede na travessia entre EUA e México em 2004; quero erguer minha voz contra os 2 milhões de hectares destruidos por ano na Amazônia. Devo abrigar, pelo amor de Deus, Javé ou Buda, em algum lugar os 20 milhões de refugiados vítimas de guerras atualmente. Quero ter cobrada minha parcela de sangue derramada pelas 325.551 vítimas de armas de fogo nos últimos 10 anos no Brasil. Qual o sentido que tem minhas refeições, quando 815 milhões de pessoas ao redor do mundo estão desnutridas? Qual o sentido da minha infância quando tantas crianças repiram pela última vez para que alguém tenha um trocado a mais? Qual o sentido de sonhar conhecer o céu, a água e o mar se daqui a uns anos teremos destruido tudo? Pessoas e animais sofrem, mas isso parece tão normal. CHEGA... Não aceitemos que digam que somos ilusões, pois nossa vida tem algum valor. Chorem, talvez assim começe a desapareçer a névoa dos nossos olhos.
Nâo sei onde começamos a errar, mas se continuarmos parados só haverá mais dor.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Abra essas janelas

A vida é mais do que os nossos corpos captam; a palavra "sentido" não existe por acaso. Ver não basta, tenho que sentir tua imagem dentro da minha cabeça; ouvir não é o suficiente, tenho que acompanhar a melodia da tua voz; o toque não faz jus se não alcançar todos os relevos da pele. O ar que entra precisa anestesiar, pois todos os sentimentos possuem seu perfume e todo sabor a própria essência. Quando isto for alcançado, saberemos o que é sentir. Sinto...